terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A neve

Volto a minha face para o céu e me deixo afetar pela neve que cai em mim e ao meu redor. Tudo aquilo que percebo é tomado pela neve, e eu já não mais me diferencio dos limites de minha percepção. Sou o meu mundo, e o meu mundo se encontra coberto por uma fina camada de neve que indefine a sua superfície. Eu observo a neve que cai do céu, e ela me impede de contemplar as deformações do chão. Procuro em meio ao branco um átimo de lembrança, e só encontro o vento que faz arder os meus olhos.  

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A existência enquanto inevitável luto

São muitas coisas, e eu não sei por onde começar. Onde irá terminar não é um problema. Antes, preocupa-me o início. Simplesmente não sei por onde começar. O mundo é tão vasto, e a realidade tão infinitamente multifacetada. Sinto desânimo ante essas considerações, as quais em meu universo interior se traduzem em sensações. Portanto, fico com as sensações, afinal, são elas imediatas e prementes. Sinto-me fraco ante a impossibilidade de me fazer claro, pois meu objetivo é convencê-lo, seja lá quem você for. Entusiasma-me a curiosidade alheia, e acabrunha-me a inteligência alheia. Em momentos de melhor organização interna percebo o silêncio satisfatório para a continuidade de minha existência; para uma melhor convivência no dia-a-dia. Todavia, o silêncio de que falo não me basta, ele me incomoda, e a necessidade de me comunicar aparece. Penso em meu Blog, e determino-me a produzir um texto de qualidade, mas parte minha diz ser isso menor... Enfim, sou o aluno que levanta o braço para fazer a pergunta, mas logo o abaixa com medo da reação dos presentes em sala. Há tantas pessoas inteligentes, e elas falam sobre tantas coisas, lembram-se de tantas coisas... A repercussão dessa imagem em meu interior provoca o silêncio. Ei-lo novamente! Um lugar antes agradável já não mais o é, e triste é conceber o pensamento de que seja natural esse lugar já não mais ser agradável, pois existe o amadurecimento. Perpassam a caminhada incessantes lutos. Um inevitável luto chamado existência.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Fértil

Sinto-me incapaz de refletir sobre os outros. Há um abismo entre minha realidade e outras realidades habitantes do mundo. Imagino algo gigantesco (seria o universo?), e lá estão todas as sensações, odores, pensamentos, sabores etc. O terreno sobre o qual se assentam as diversidades é infinito, e de suas entranhas nasce o fértil emaranhado vital, mas nada disso importa, pois estou só...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

As escadarias

Meus pés sobem degraus. Estes talhados em madeira, e desprovidos do revestimento em verniz, apresentam uma coloração semelhante ao marrom dos minúsculos tijolinhos das paredes. Estas simetricamente opostas proporcionam, pois próximas umas das outras, um pequeno espaço, o qual acomoda a estreita escadaria em profundidade e altura infinitas. Abaixo de mim apreende-se a obscura imagem dos milhares de degraus perfilados à superfície da estrutura. Esta caminha rumo ao desconhecido. Ao meu lado aparece uma mulher; há um bebê em seu colo. Possui ela cabelos negros, pele morena e usa um vestido preto repleto de bolinhas brancas. Pergunta pela idade da estrutura por nós habitada. Imagino os séculos XIV e XV - época das expansões marítimas. Aparece a imagem de um soldado português. Este solta as amarras de uma nau para o início da viagem. A mulher desaparece, e eu continuo minha viagem.

sábado, 29 de maio de 2010

O cinema e a arte

Há pouco, li a notícia de que o ator intérprete de Peter Parker na saga Spider-Man será substituído, pois Marc Webb (atual diretor, substituto de Sam Raimi) procura ator jovem para reiniciar a estória. Após a leitura da notícia, percebi o quão comum é, na atualidade, o refazimento de produções cinematográficas. Com efeito, o filme “Hulk” (2003) de Ang Lee foi rechaçado por “The Incredible Hulk” (2008) de Louis Leterrier. Além disso, há a tendência ao refazimento de clássicos do terror como, a título de ilustração, “A Nightmare on Elm Street”. Inclusive, Wes Craven, o criador da sádica e monstruosa figura de Freddy Krueger discordou da refilmagem de sua obra. Todavia, gostaria de ressaltar o quanto os acontecimentos mencionados estão distantes do bom e velho cinema-arte. Não sei precisar o que seja arte, ou onde ela se encontra em sua forma mais pura, mas sei das más impressões que se levantam ao deparar com o atual cenário das produções cinematográficas. Ora, pertence à arte e, conseqüentemente, ao cinema, uma particular capacidade de comunicação, a qual amplia nosso contato com nós mesmos. Entretanto, os filmes hoje lançados se distanciam das peculiaridades da arte ao apresentarem elementaridades insossas, inconsistentes etc.

terça-feira, 25 de maio de 2010

(im)Potência

Falamos daquilo que não se pode falar, porque não se pode dimensionar. Em busca pelo todo, por aquilo que une tudo o que há, pedimos e exigimos demais de nós mesmos. Ora, não há capacidade para se assemelhar ao todo (eis o limite intransponível!). Perante o todo somos efêmeros perguntadores de eternas perguntas sem respostas (há indícios, mas nada é suficientemente seguro). Enfim, resta-nos o inconsistente, pois simplesmente não conseguimos.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Imersão

Assemelhar-se ao humano é encontrar na dificuldade o prenúncio do aprimoramento.